Etapas da evolução
setorial
As relações setoriais de
transporte entre o Brasil e os seus atuais parceiros de Mercosul têm antecedentes de
longa data, os quais constituem valioso acervo de entendimentos e experiências na
solução de questões do interesse comum entre esses países. Os primeiros convênios
datam de meados do século passado (e.g. o Tratado de Navegação no Rio Paraguai firmado
em 1857), os quais tiveram seqüência nos vários outros acordos de transporte firmados
ao longo do tempo.
O atual Convênio Internacional de Transportes
Terrestres teve origem no ano de 1970, em Montevidéu, quando os governos do Brasil,
Argentina e Uruguai decidiram reunir os seus esforços para tornarem mais fáceis as
transações de comércio entre os seus países. Contando com a adesão do Paraguai e do
Chile, seguidos da Bolívia e do Peru, aquela reunião iria dar origem à criação de um
foro setorial para todo o Cone Sul, bem como ao citado Convênio de Transportes Terrestres
em 1977.
Para o modal aquaviário, já em 1958 Brasil e
Argentina firmavam o Acordo para Estimular o Desenvolvimento das suas Marinhas Mercantes,
com o qual buscavam, a um só tempo, facilitar os transportes comerciais de cargas entre
os dois países, bem como constituir instrumento de promoção e fortalecimento das
respectivas marinhas mercantes e indústrias navais. O Convênio sobre Transporte
Marítimo Brasil/Uruguai, concluído em 1975, veio somar-se ao anterior na facilitação
dos transportes na região do Prata.
Além desses instrumentos contam-se vários
acordos de transporte fluvial transversal fronteiriço, o recente Convênio Multilateral
de Transporte na Hidrovia Paraguai-Paraná, os acordos de cooperação e intercâmbio de
material rodante no setor ferroviário, assim como os acordos para a utilização de
portos brasileiros por países da Bacia do Prata (Paraguai e Bolívia).
Todos esses entendimentos setoriais têm tido
continuidade nos acertos, negociações e novos acordos promovidos pelos Grupos Setoriais
do MERCOSUL. Esta, portanto, constitui uma nova fase da cooperação regional em busca da
facilitação do transporte entre os países-membro, da integração física das suas
malhas, da harmonização dos seus regulamentos, do apoio mútuo à promoção das suas
economias.
Com o Tratado de Assunção, os governos do
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai passaram a almejar uma cooperação mais estreita,
com integração dos seus mercados de bens e serviços e uma futura coordenação
macro-econômica das suas políticas nacionais. Nesse contexto de decidida aproximação,
o setor transporte (agora com maior ênfase) figura como instrumento primordial da
integração econômica, devendo ele mesmo para tanto exibir uma organização integrada.
Ou seja, uma organização harmonizada do ponto de vista regional, e não mais
constituído de estruturas apenas compatíveis entre si.
A integração econômica do MERCOSUL teve
início nos mercados dos bens físicos, com a elaboração das listas, condições e
regulamentos, visando a futura total liberação das transações comerciais entre os
países-membro. No mercado dos serviços, alguns setores ou sub-setores já então se
achavam em processo de integração e coordenação, como é o caso dos transportes. Não
obstante, novas iniciativas liberalizantes, de integração e harmonização vêm sendo
tomadas para que a formação do MERCOSUL tenha prosseguimento. Persegue-se, desse modo,
uma nova etapa das negociações para a total integração dos mercados de serviços da
região.